7 de dezembro – António Nobre

A noite de Natal. Em meu país, agora,

O que não vai até ao romper do dia, a aurora!

As mesas de jantar na cidade e na aldeia,

À luz das velas, ou à luz duma candeia,

Entre risadas de crianças e cristais

(De que me chegam até mim só ais, só ais),

Dois milhões de almas e outros tantos corações,

Pondo de parte ódios, torturas, aflições,

Que o mel suaviza e faz adormecer o vinho:

São todas em redor de uma toalha de linho!

António Nobre, Natal… Natais, Ant. Vasco Graça Moura, Público.