3 de dezembro – Eugénio de Andrade

É Natal, nunca estive tão só.

Nem sequer neva como nos versos

do Pessoa ou nos bosques

da Nova Inglaterra.

Deixo os olhos correr

entre o fulgor dos cravos

e os diospiros ardendo na sombra.

Quem assim tem o verão

dentro de casa

não devia queixar-se de estar só,

não devia.

Eugénio de Andrade, Rente ao Dizer, Porto, Editora Limiar.