Boas Férias! Boas Leituras!

Com as férias à porta, são muitas as leituras possíveis. Dos romances a contos e a ensaios a equipa da BE deixa aqui algumas propostas de leitura bastante ecléticas. Não nos restringimos a um tempo histórico ou a um país específico, o único critério foi recomendar livros que façam a diferença.

Caim, de José Saramago

Um dos livros mais bem-humorados do premiado José Saramago é o breve romance Caim, de 2009. Apesar de ter sido criado num contexto português católico e conservador, Saramago olha para a religião de maneira questionadora e reconta a história de Caim, que ouviu tantas vezes, provocando uma nova leitura.

A Cor Púrpura, de Alice Walker

Clássico da literatura norte-americana, A cor púrpura é um livro atemporal escrito por Alice Walker em 1982. A narrativa acompanha Celie, uma mulher negra e pobre que vive no sul dos EUA no início do século XX. A obra é uma emocionante denúncia de violências, racismo e opressão, mas também fala sobre o amor, a redenção e a luta pela sobrevivência. Vencedora do Prémio Pulitzer, a obra foi adaptada ao cinema em 1985 e em 2024 surge também uma versão como filme musical.

Os da Minha Rua, de Ondjaki

Ondjaki é o pseudónimo do escritor Ndalu de Almeida, um dos maiores nomes da literatura contemporânea angolana. O livro Os da minha rua, de 2007, reúne breves histórias independentes que traçam um panorama da infância vivida pelo autor em Luanda. Com um forte teor autobiográfico, o livro consegue ser, ao mesmo tempo, pessoal e universal.

Contos, de Clarice Lispector

A coletânea de contos intitulada Contos não é nova, mas merece ser lembrada devido à sua beleza e profundidade. A obra reúne vários textos curtos e tem como tema o amor, a família, a solidão, a estranheza, as angústias existenciais e o descompasso com mundo. A escrita – muitas vezes composta em estilo fluxo de consciência e com um traço autobiográfico – deixa ver a marca da autora Clarice Lispector.

Terra Sonâmbula, de Mia Couto

Considerado dos doze melhores livros africanos do século XX, Terra Sonâmbula talvez seja o livro mais consagrado do escritor moçambicano Mia Couto. O título faz uma referência à situação política e social de Moçambique, que passou por uma dura guerra civil durante muitos anos (1977-1992). Sonâmbula é uma maneira de sublinhar como aquele território não teve descanso. Com uma história que mistura sonho e realidade, ficamos a conhecer os protagonistas Muidinga e Tuahir. O primeiro personagem perdeu a memória e o segundo é um velho sábio da região que passa a guiar Muidinga depois da guerra.

Guerra : como moldou a história da humanidade, de Margaret Macmillan

A imagem que fazemos da guerra tem mudado de época para época. Até à I Guerra Mundial, chegou a ser vista como uma coisa necessária ou boa, caso acabasse com uma vitória. Desde então, porém, transformou-se num problema. Quem o diz é Margaret Macmillan, que sintetiza, em 200 páginas, a nossa relação com a guerra. E fá-lo deixando de lado o aparato técnico ou mais próprio do campo de batalha, centrando-se nas pessoas, nas perceções e no que pode acabar de vez com os conflitos armados. Não sendo uma fórmula mágica – se o fosse, já teria sido aplicada –, é pelo menos uma boa reflexão para o futuro, na qual se recuperam mais de 5 000 anos de História.

Uma Educação, de Tara Westover

Uma Educação é um livro de memórias de Tara Westover, que nasceu no Idaho em 1985. Tara e os seus irmãos vivem no seio de uma família Mórmon e não frequentam a escola, nem vão a médicos. O seu pai é fanático e acredita no Fim dos Tempos, de modo que toda a família vive a preparar-se para eles e a tentar ser completamente autossuficiente e independente do Governo. Tara só obtém uma Certidão de Nascimento aos 9 anos e só pisa uma escola pela primeira vez aos 16 anos. É, aliás, esta decisão de ir para a faculdade que acaba por mudar para sempre a relação que tem com os pais e que vai ser o centro da narrativa.